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EMO VIVE SP — Ainda estamos aqui. E mais vivos do que nunca.

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O tempo não passou. Ele apenas se disfarçou atrás dos dias corridos, dos boletos vencendo, das responsabilidades que a vida adulta impôs. Mas bastou um final de semana, uma batida de bumbo, um refrão cantado em uníssono para ele voltar. Com força. Com saudade. Com a certeza de que a gente nunca deixou de ser aquilo tudo. O Emo Vive SP foi mais do que um festival — foi um ritual de lembrança, cura e reencontro com quem fomos... e ainda somos.


A volta do EMO ao coração de São Paulo


Durante dois dias, a casa de shows Audio, na zona oeste da cidade, foi tomada por uma legião de EMOS de todas as idades. Camisetas pretas, delineadores borrados, abraços apertados e olhos marejados — todos prontos para reviver os melhores anos e canções de suas vidas. Gente que viajou quilômetros, que desenterrou álbuns esquecidos no HD, que colocou aquela pulseira da época da escola só pra sentir que, sim, estava de volta ao lar.


E a atmosfera era essa: de lar. Um lugar onde cada verso cantado nos palcos ressoava como confissão íntima. Onde não havia julgamentos, só identificação. Emo não é moda. Nunca foi. Emo é linguagem. Emo é casa. Emo é vida.


Anberlin e Emery – Um reencontro de almas



A primeira noite foi de aquecer o coração. A atmosfera estava carregada de expectativa quando Anberlin subiu ao palco. E o que se viu foi um verdadeiro culto de adoração. A banda, que sempre teve um público fiel no Brasil, foi recebida por uma legião de fãs que sabiam absolutamente todas as letras. Era impressionante ver como cada palavra saía da boca da plateia em uníssono, sem falhar, como se essas músicas tivessem sido tatuadas no coração de cada um ali presente. Um mar de vozes e braços erguidos, olhos fechados e lágrimas nos rostos. Anberlin entregou não só um show — entregou um reencontro com a parte mais sensível e honesta de quem esteve ali.


E então veio o Emery. A banda americana, que esteve no lendário ABC Pro HC em 2008, reencontrou um público que jamais os esqueceu. E a recíproca foi evidente: os músicos estavam emocionados, surpresos com a intensidade da resposta brasileira. Ver o Emery em solo paulistano depois de tantos anos foi como receber de volta um velho amigo que nunca parou de nos fazer falta. Cada acorde, cada grito, cada refrão era um aceno do passado dizendo: “nós sobrevivemos”.


Hateen e Esteban: emoção em português e abraços no ar



Mas foi no segundo dia que o festival atingiu seu clímax emocional. O Hateen subiu ao palco como quem nunca saiu. Com um set inteiramente em português, a banda trouxe um tipo de conexão rara — visceral. Foi impossível conter a emoção quando os primeiros acordes de "1997" tocaram. Foi como se a cidade inteira parasse para ouvir. O público cantou tão alto que era difícil ouvir a própria voz. Naquele momento, todos estavam conectados por uma dor antiga, mas bonita. Uma dor que nos lembrou que ainda estamos aqui.


A sequência com “Quem Já Perdeu Um Sonho Aqui?”, “Obrigada Tempestade” e tantas outras, transformou a Audio em um confessionário coletivo. Ninguém ali saiu ileso. Os olhos marejados, os braços para o alto, os gritos que eram quase desabafos… tudo isso compôs um cenário que só pode ser descrito como mágico. Era como se o Hateen estivesse nos devolvendo nossa própria história.


E no meio disso tudo, Esteban Tavares apareceu. Subiu no palco com o Hateen para cantar “1997” e trouxe consigo um turbilhão de sentimentos. A música, já emblemática por si só, ganhou novas camadas com a presença dele. Esteban parecia viver cada palavra como quem revive uma vida inteira em três minutos. E o público sentiu junto. Foi um momento raro, daqueles que ficam gravados pra sempre.


Mais tarde, Esteban retornou com o Emery, assim como havia feito na primeira noite, para cantar “Walls”. O público foi ao delírio. E após o último acorde, num gesto de entrega total, Esteban se jogou na plateia — e foi carregado nos braços dos fãs como um herói que voltou para casa. Aquilo não era apenas um show. Era um símbolo. Um agradecimento. Uma entrega. Emo em sua forma mais pura.


Fresno – A trilha sonora de uma geração ainda viva



E então, veio o Fresno.


Falar da Fresno é falar da alma do emo brasileiro. Desde os tempos de Orkut e Fotolog, eles foram muito mais que uma banda — foram companheiros de quarto, terapeutas de madrugada, cronistas de sentimentos que a gente nunca conseguiu explicar direito. E foi isso que aconteceu no palco do Emo Vive: um reencontro com tudo o que nos moldou.


Desde os primeiros acordes de “Teu Semblante”, o público já estava entregue. Era como se aquele som desbloqueasse uma memória escondida em cada coração. E ela não parou. Vieram também “Evaporar”, “Duas Lágrimas”, “Absolutamente Nada”, “Alguém Que Te Faz Sorrir” — cada uma mais poderosa que a anterior. Era difícil conter as lágrimas. A plateia sabia cada sílaba, cada pausa, cada nota. Cantavam juntos como se estivessem ensaiando há anos. E talvez estivessem — em silêncio, no coração.


“Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco De Minhas Lágrimas” veio como um soco emocional, com força e beleza. O público se dissolveu em prantos, sorrisos e abraços. Era como se cada palavra que saía da boca de Lucas Silveira fosse uma tradução exata de tudo que cada um ali carregava.


E é exatamente isso que faz da Fresno algo tão especial. A conexão com os fãs não é só musical — é espiritual. Não há barreira entre palco e plateia. Há um fio invisível que une todos em um mesmo abraço, um mesmo grito, uma mesma lágrima. Fresno não fez um show. Fez um ritual de cura.


Até logo, Emo Vive. Ainda estamos aqui.



E então, quando as luzes começaram a se apagar, ninguém queria ir embora. O palco vazio ainda pulsava. As mãos suadas ainda se procuravam. Os olhos ainda brilhavam. Emo Vive terminou, mas deixou uma ferida bonita aberta em cada um de nós. Uma ferida que não queremos que cicatrize.


Porque a verdade é que a gente nunca deixou de sentir. Nunca deixamos de cantar aquelas letras no escuro do quarto. Nunca esquecemos o que significava segurar o fone com força e acreditar que tudo ia passar. E nesse final de semana, tudo isso voltou. Com força, com beleza, com verdade.


Agora, só nos resta esperar pela próxima edição.


E você? Que bandas gostaria de ver no próximo Emo Vive? Quais hinos do passado ainda precisam ser cantados aos gritos, com o coração na boca e os olhos molhados?


Conta pra gente. Porque se tem uma coisa que esse festival mostrou, é que a gente nunca deixou de sentir. E quando a próxima edição chegar, a gente vai estar lá — de novo — porque, sim... ainda estamos aqui.


Veja mais fotos desse final de semana incrível *-*



1 Comment

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Guest
Jun 11
Rated 5 out of 5 stars.

Simara Suely

Muito bom o texto!! Explicativo, numa linguagem de fácil entendimento e com muita propriedade e desenvoltura!!! Parabéns ao autor/ escritor!!

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