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Bikini Kill coloca todas pra dançar em show extra em São Paulo

Foto do escritor: Carol CandidoCarol Candido

A banda punk mostra toda a sua força em show com muita energia feminina compartilhada



 Imagina você crescer sendo influenciada por várias bandas,  à medida que você vai descobrindo novos sons, criando sua personalidade musical, essa influência sai dos seus fones e passa a fazer parte de sua vida, você conhece o rock, o hardcore, e conhece também o punk. 


    Você uma jovem menina, descobrindo esse admirável novo mundo, acredita que é povoado somente por vozes masculinas, e um dia ouvindo músicas no aleatório, vem um grito de uma garota rebelde, “Love you like a sister always/Soul sister, rebel girl/Come and be my best friend/Will you, rebel girl?” (Te amo como uma irmã sempre/irmã de alma, garota rebelde/ venha e seja minha melhor amiga/ você vai, garota rebelde?), parabéns você acabou de conhecer as Bikini Kill.



    A banda criada nos anos 90 é formada por quatro mulheres multi-instrumentistas, e é de grande importância histórica para o punk, com o bordão “Girls to the Front”, fizeram uma revolução feminina e feminista, criando um ambiente de show onde mulheres possam se sentir confortáveis para ficar na frente do palco, dançar ou só curtir o rolê do jeito que preferir. E na quinta feira, 14 de março, a  Áudio club em São Paulo presenciou essa energia feminina em toda sua plenitude. 


   Antes das garotas rebeldes do Bikini Kill subirem aos palco, tivemos a sorte de curtir outras mulheres incríveis, e um dos shows de abertura ficou por conta da banda Punho de Mahin, composta por Natália Matos (vocal), Paulo Tertuliano (bateria), Camila Araújo (guitarra e vocal) e Du Costa (contrabaixo e vocal). Todos os integrantes da banda são negros, e como não poderia ser diferente apresentam um punk antirracista, antifascista, feminista e com muita ancestralidade.


  O show da Punho de Mahin sempre carrega muita intensidade, o lema da banda é “o punk nasce preto”, e as letras refletem essa verdade, acompanhado de toques de tambor, letras que falam sobre herança racial, e ancestralidade fazem parte do repertório.  A  música é política, e a banda sempre deixa claro seus posicionamentos em palco durante o show, um exemplo disso foram os minutos que as vocalistas reservaram para falar sobre Mariele Franco, um caso de assassinato político que até hoje, após seis anos ainda não temos respostas, com a foto da líder política hasteada lembramos “MARIELE VIVE” a semente permanece dando frutos. 


  O punk é lugar de mulher, e a banda veterana do punk nacional As Mercenárias mostraram a que vieram, acompanhadas da tecladista Paula Rabellato, o power trio feminino, apresentou seu punk rock conceitual e cheio de política, e colocaram muita gente pra dançar nas rodinhas que já começavam a se animar.  Donas da música “Polícia” o som das meninas é repleto de política, e ao levarem uma bandeira do Estado da Palestina ao palco, o grupo mostrou que música e política se misturam sim.


  Uma das coisas mais impressionantes para mim, nessa minha breve (porém até então intensa) vida de shows, foi presenciar uma plateia com o público predominantemente feminino e LGBTQIA+, eram pessoas de todas as idades, mulheres que já passavam dos seus 40 ou 50 anos, porém muitas meninas e jovens que não tinham saído da casa dos 20 ainda. A  ansiedade já estava a milhão, e pontualmente na hora marcada as meninas de Washington sobem ao palco para  fechar a noite e seu ciclo de apresentações no Brasil com chave de ouro.



   O grupo composto por Kathleen Hanna (vocal), Tobi Vail (bateria), Kathi Wilcox (baixo) e Sara Landeau (guitarra) entrou em cena com o seu grito de guerra “We're Bikini Kill and we want revolution Girl-style now!” (Nós somos o Bikini Kill e nós queremos a revolução no estilo das garotas agora!), seguido da música “Double Dare Ya”, o desafio foi lançado, atreva-se a fazer o que quiser, atreva-se a ser quem você quiser, e ali naquela casa de show todes estavam preparades para curtir o momento como achassem melhor. E seguindo a apresentação da forma mais enérgica o possível ouvimos logo na sequência o som “Carnival” que foi entoado por muitas vozes em uníssono.


   Com um ambiente tão convidativo as “rodinhas punk” comeram soltas, em um local onde tantas mulheres se sentiram confortáveis pra dançar, eu arrisco dizer que foi um dos mosh mais divertidos que já vivi, tiveram aquelas também que se arriscaram nos stage e surfaram na galera. Kathleen Hanna é uma FontGirl incrível e conduziu muito bem o show, em determinado momento se desculpou por não poder estar mais perto do público pois a mesma tem uma doença autoimune e precisa ter atenção com a saúde, mas agradeceu o carinho de todos lembrando que todos nós somos importantes.



  O setlist foi repleto de sucessos, e as multi-instrumentistas fizeram um rodízio no palco, por vezes Tobi Vail trocava as baquetas pelos vocais, resultando na comoção de todas nós que temos admiração pela contribuição dela dentro do punk. De pouquíssimas palavras ela agradeceu a presença de todos, estava feliz por tocar uma segunda vez em São Paulo e dedicou músicas para as garotas da plateia dizendo que percebeu que tinham garotas punks bem fodonas naquele público.


   “Suck My Left One” foi um momento muito divertido da noite, todas cantaram com muita vontade, a vocal Kathleen se divertiu tanto quanto nós durante a música. E o grand finale ficou por conta do hino “Rebel Girl”, todas as garotas, garotos e garotes rebeldes cantaram, dançaram e pularam muito nesse momento. 



   A força coletiva feminina foi muito intensa, mesmo não conhecendo ninguém do show o que não faltou foram abraços distribuídos, sorrisos trocados e muita alegria compartilhada de viver um momento tão especial. Muito obrigada a todas que viveram isso ao meu lado, muito obrigada ao New faces pela oportunidade de viver esse momento e muito obrigada a você que está lendo por poder reviver esse dia comigo.

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ゲスト
2024年3月18日
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uaivini
uaivini
2024年3月18日
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